domingo, 29 de maio de 2016

Dias 24 e 25 - Bom Jesus / Içara / Florianópolis

Depois de uma boa noite de sono em Bom Jesus, na Serra gaúcha, com direito a lareira e tudo, na pousada Rodrivaris,  tomamos um café da manhã serrano (da marca Bom Jesus) e partimos pela RS-110 em direção a Cambará do Sul. A rodovia é traiçoeira, com bastante curva e trechos cujo asfalto foi substituído por pedras.

Em Cambará, visitamos o salão onde acontecia a festa do mel, compramos uns suprimentos no mercadinho e enfrentamos os 20km de estrada de chão péssima até o canion de Itaimbezinho.

Por R$11 eu e a moto pudemos entrar no parque,  apesar de as motos não ficarem nada entusiasmadas com a beleza natural do canion.
O vento limpava e sujava a vista do canion com rapidez, o que tornava a busca por uma boa foto uma corrida. Ficamos umas 3h nesse belo lugar, com direito a uma boa caminhada (6km) na trilha do cotovelo.

A continuação da viajem,  enfrentando mais 20km de péssima estrada de chão, com pedras soltas e serração forte,  foi punk.

No meio da descida dos 1000m de altitude, o pineu traseiro da moto do Josué furou.  Finalmente usamos o nosso quite de reparo, e em menos de 20min o pneu estava ok!

No final da descida, já chegando em Praia Grande, existem alguns trechos com asfalto. Num desses trechos,  alme tamos bem a velocidade de descida e quando surgiu o final dos asfalto,  com as pedras soltas, o Josué não consegui segurar a moto, rabeou nas ledras e foi pro chão. Vi a poeira levantar no retrovisor...  Saltei da moto e corri pra ajudar.  Ele permaneceu imóvel, deitado no chão, com a perna debaixo da moto. Quando perguntei se ele estava bem, repondeu que sim...  Só estava esperando a gente tirar a foto da queda!

Arranhões na carenagem e o trocador de marchas torto foi o de menos.  O problema foi o óleo vazando de um buraquinho no carter.  Assumi o controle da situação,  deixei a minha moto com meu maninho mais novo e desci o resto da serra com a moto desligada e o pisca alerta ligado.  Lá no plano, já em rua asfaltada de Praia Grande, reboquei a moto dele com a minha por menos de 2 km.

No posto de gasolina, limpamos bem o furo no carter e com o útil durepox remendamos o buraco.  Pra não ter que esperar as 2h pra secar, coloquei uma camada de fita isolante. Completamos o nível com um litro de óleo e partimos, já no escuro, em direção ao nosso destino, a casa do Nelo e da Jucelia, em Içara.

Na chegada, uma surpresa: toda a família reunida numa grande festa pra recepcionar os aventureiros. Foi emocionte.

Churrasco, bolo de aniversário, muitos doces e boa conversa relembrando os momentos da nossa viagem. Sem contar a decoração e as camisetas que prepararam pra receber a gente.

Bom de mais receber minha filha Jolie, acariciando minha barba. Ouvir meu filho Vicente de 2 anos dizer "papai,  eu gosto tanto de você".

Como é bom viajar...  Como é bom voltar pra casa!

O domingo, tiramos pra conversar e curtir o último dia das férias com a família. Ainda de tarde, Josué ensilhou a moto dura na queda e partiu na chuva pra Guararuba.

Depois do jantar foi a minha vez.  Parti escoltado pelas pessoas que mais amo, Ana Paula, Jolie e Vicente, para vencer os últimos 200 km da viagem, até a nossa casa em Florianópolis.

Foram 9.689 km viajados,  6 países, em 25 dias.  Agradeço a Deus que nos levou e trouxe em segurança. Ao meus parceiros de viagem, Josué, Nelo e Jucelia, além de minha esposa Ana Paula, que esteve conosco em parte da viagem.  Agradeço também aos muitos parentes e amigos, que que nos acompanharam, torceram e oraram por nós.

Uma viagem de moto só acaba quando começa outra.  Vamos viver esses momentos até a próxima viagem.

Um abraço a todos.

"... Até aqui o Senhor nos ajudou. " 1 Samuel 7;12










sexta-feira, 27 de maio de 2016

Dia 23 - São Miguel das Missões / São João

Hoje acordamos tarde. Depois de um café padrão hotel brasileiro, visitamos o projeto Memória Missioneira, pertinho da pousada.

Saímos de São Miguel já passava das 10h.  Paramos em Ijuí e Lagoa Vermelha para abastecer as máquinas. De Lagoa Vermelha e Vacaria, fomos acompanhados em formação por um casal de Palhoça, que voltavam do Parque Estadual do Turvo.

Antes de chegar no centro de Bom Jesus, vi a placa de uma poisada que parecia bacana.  Paramos,  negociamos preço e fomos descansar num quarto familiar, com direito a lareira e tudo.

Estamos quase chegando!

Dia 22 - Resistência / São Miguel das Missões

Em Resistência, a primeira providência foi uma oficina de motos, distante 3 quadras do hotel, pra tirar um elo da corrente nova que cedeu de mais na pegada de 940 km de ontem.

Feito isso, atravessamos a ponte que separa os estados do Chaco e de Corrientes, e paramos pra tomar um café gostoso numa lanchonete.

Depois foi seguir até próximo de Posadas, onde calculei o qto de combustível caro da Argentina (R$ 5.5 por litro) precisaríamos até chegar em Porto Xavier, no Brasil.

Abastecidas as motos, rodamos 200km até chegar a San Javier.  Na aduana e imigração argentina, tudo tranquilo de mais. Pagamos os $80 pela balsa mais $10 de pedagio (R$22,50), e atravessamos para o Brasil às 17h. A ultima balsa é às 17:30h, então, fique esperto.

Abastecemos com gasolina brasileira e começamos a rodar nas estradas esburacadas do brasil.

Chegamos em São Miguel das Missões logo depois das 19h. Ficamos com o último quarto (triplo + colchão no chão) da pousada das Missões.

Depois foi aproveitar o show de som e luz de São Miguel.  Minha terceira vez nesse lugar, que mesmo conhecido, sempre me encanta. Foi legal ver o Josué e a Jucelia, ambos professores de formação, entusiasmados com a história e cultura do lugar.

Depois foi só comermos uma picanha na chapa e descansar, depois de bastante tempo, no Brasil.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Dia 21 - Tilcara / Resistência

Tomamos um café ruim no Club Hostal Tilcara assim que amanheceu. Como o pão só chegava as 8:10h, tomamos café ruim com bolacha ruim.

Depois de abastecer as motos e ajustar as cadenas, começamos a descer a cordilheira. Paramos para abastecer, sem filas, em El Galpon, Monte Quemado e Saenz Peña.

As retas intermináveis da Rn16 foram rodadas nesse dia. Muitas partes estão bem pior do que estavam há 4 anos. Há alguns trechos em obras, e o maior cuidado, além dos buracos, é com animais. Nos povoados há sempre cabras ou porcos soltos, e is pássaros do Chaco são suicidas...  Matei um deles com o ombro!

Hone batemos nosso recorde: 940 km rodados num dia...  Sem almoço...  Finalizando o dia com uma pizza estranha. Feriado na Argentina, 25 de maio, foi o que encontramos pra comer em Resistência. Haja resistência! Amanhã, se Deus quiser, dormiremos no Brasil.


terça-feira, 24 de maio de 2016

Dia 20 - San Pedro de Atacama / Tilcara (Paso de Jama)

Tivemos uma boa noite no Hostal Mirador.  Nosso café da manhã foi feito por nós mesmos, com direito a umas frutas diferentes que a Jucelia tinha comprado.

Depois de se encher de camadas de roupas, saímos para abastecer as motos na única estação de serviços de San Pedro.  Os trocados em pesos chilenos foram gastos em chocolates para a viagem, numa bodega que encontramos aberta às 8h da madrugada.

Foi bom retornar ao Paso de Jama novamente, depois de mais de 4 anos. Desta vez, vimos mais neve no caminho, logo que atingimos os 4700m de altitude, a uns 60km de San Pedro. Foi legal ver meu irmão e minha irmã se divertirem no gelo...  Teve até tombo da Jucelia!

Na aduana foi tudo muito rápido, sem necessidade de revistas. Somente carimbos, muitos carimbos.  Na chegada, um guarda entrega um passaporte (papel com uns locais pra carimbar), e na saída um outro guarda pede esse papel, todo carimbado, comprovando que vc fez todos os trâmites.

Encontramos muitos brasileiros.  Destacamos uma família de Dionísio Cerqueira, em 3 caminhonetes, fizeram uma rota de rípio onde ficaram 8 dias isolados. Na família incluia os pais,  com 75 anos, numa Rav4,  e a família dos dois filhos em duas Rangers super equipadas, uma com um garotinho de 4 anos.  Vendo isso,  ja comecei a bolar outra aventura, incluindo meus filhos! . :-)

Abastecemos depois da aduana e, na parada para fotos nas Salinas Grandes, encontramos motociclistas de Pato Branco, que também foram a Machu Picchu, mas não tiveram coragem de entrar na Bolívia. Nós tivemos...  Kkkk.

O susto ficou reservado a uma alpaca que atravessou saltitando a pista, bem na minha frente. Certamente o estrago, no caso de um atropelamento, seria bem mais sério do que o caso do cachorro peruano.  Atenção para as pedras soltas na pista, principalmente nas curvas.  No lado Argentino do paso, encontramos muita. No lado Chileno a atenção foi para gelo na pista. Fazia dois dias que a estrada tinha sido i terditada por esse motivo.
Em Purmamarca era impossível cambiar pesos por reais.  Os caras queriam pagar $ 2,50 por cada R$, se o câmbio oficial é mais que 3,9. Então, decidimos ir pra Tilcara.

Em Tilcara procurei o mesmo hostel que nos hospedamos em 2012... Fechou!  Quanto ao câmbio, piorou.  Queriam nos pagar 2,10, pondo a culpa no Temer.  O saque no caixa eletrônico nos salvou, com câmbio a 3,75.

Depois de um belo bife de Lama num restaurante na praça principal da cidade, pu


demos descansar de um excelente dia de viajem. Passo de Jama é um dos pontos altos de qualquer viagem de moto.

Deus é bom em todo o tempo!

Dia 19 - Manutenção da moto em Calama

Josué e Jucelia saíram às 4h da manhã para um passeio aos Geisers del Tatio.  Eu e o Nelo, que já tínhamos feito isso há 4 anos, voltamos pra Calama.

Às 9:30h chegamos no hostal onde havia deixado a moto. Procuramos uma mecânica indicada pelo pessoal do hostel em vão, até que paramos pra perguntar a um estranho sobre um possível mecânico. Depois de umas ligações, nos disse que o mecânico estava vindo. Eihn!?

Passaram-se uns 15 min e chegou Jorge, um boliviano que vive em Calama há 4 anos.

Resumindo a história, passamos o dia com esse cara...  Fui com ele em lojas de motopeças, tornearias, lojas de ferragens, buscar a filha dele no colégio. O cara caiu do céu!

O Jorge sempre trabalhou com moto, desde a Bolívia.  Trabalhou uns anos na Yamaha de Calama e agora está montando sua própria oficina. O cara deu um jeito de fazer um pinhão pra minha moto, que com a corrente nova, ficou com a transmissão zerada.  Ainda solucionou o vazamento na refrigeração e pôs óleo no freio traseiro da moto do Nelo, que até então só tinha frenos dianteiros.

Para quem precisar,  recomendo:
Jorge, telefono 96 5130947, Av. Arturo Prat, 2737, Calama.

Antes do anoitecer eu e o Nelo chegamos ao hostel Mirador, em San Pedro de Atacama. A Jucelia estava preparando macarrão com linguiça de cervo! Tivemos a companhia da Valeria, senhora boliviana que reabalha em dois hostels em San Pedro. Simpatia em pessoa, mãe de 3 filhos fez questão de tirar uma foto na moto mais bonita.

O jantar feito pela Jucelia foi delicioso. Conversamos muito, regalamos Valeria com os bolovianos em moedas que nos haviam sobrados da Bolívia, além de dois casacos da Jucelia, e fomos dormir no quarto quádruplo do hostel Mirador, depois de uma ducha quente e muitas risadas.

Até aqui nos ajudou o Senhor.


Dia 18 - Tacna / San Pedro de Atacama

Amanheci mais velho no Peru, agora com 37. Karakas...  Quase 40!

Saímos do hostel Karamole, em Tacna, sem café da manhã, logo depois das 6h. Os pingos de água do radiador da minha moto,  quando a liguei, me deixaram preocupado.  Viajaria monitorando a temperatura do motor.

Na aduana chilena, todos os alforges e bauletos foram revistados. Atenção especial foi dada à bolsa de roupas do Josué, que teve que passar no raio x. Tudo ok. Apenas roupas sujas!

Estávamos sem nenhum peso chileno.  Por isso, fomos até o terminal de ônibus de Arica, onde existe uma casa de câmbio para comprarmos uns pesitos pra gasolina. A cotação, pior possível. Então, caso necessite, troque somente o necessário. Há uma casa de câmbio no terminal internacional (fechada no domingo) e outra no terminal nacional, onde negociamos.

A viagem de quase 800 km foi uma aventura e tanto.  Descemos e subimos dos 2000m de altitude até 200m umas 4 vezes.

Nossa parada para abastecimento foi em Pozo Almonte, mais de 300km sem posto de gasolina.  Como nossas máquinas têm autonomia para quase 400, ficamos socegados.  Na estacion de servicio, conhecemos mais uns argentinos fazendo trajeto parecido com o nosso.  Um deles, tinha sido atingido por um cervo, no dia anterior.  A moto se detonou, mas ele não caiu.

Meus companheiros de viagem comeram empanadas e partimos rumo ao sul,agora com retas intermináveis no altiplano chileno.

A corrente da minha moto, que estava no limite e já não podia ser ajustada, começou a pedir arrego antes de chegar em Maria Elena.  Assim que saímos da rota 5 para a rota 24 não deu mais. Paramos as motos e preparamos o reboque com a fita que haviamos levado.

Eu orava solitário no meu capacete.  No dia dos meus cumple años,  fui rebocado por 60 km, entre Maria Elena e Calama, quando subimos 2000m na cordilheira, por meu irmaozinho menor.  Valeu Josu, te amo, nunca vou esquecer essa puxada que me destes.

A fita só arrebentou uma vez.  Abastecemos em Chuquicamata, um povoado que é mais uma mina de cobre do que pueblo, e chegamos em Calama. Como era domingo, não havia oficina aberta.  Com ajuda de um motoqueiro da cidade, que nos indicou um hostel com cochera,  deixei minha moto na garagem e partimos com as outras duas para San Pedro de Atacama.

Comfesso que enquanto fazia os 100 km entre as duas cidades, já de noite, lembrei da conversa que tive com o mecânico que revisou a minha moto antes da viagem. "Está tudo certo com a transmissão? Vai aguentar os 10 mil km? O pneu aguenta mais 10 km? Vou viajar pra longe, está tudo certo?". A resposta que ouvi foi "sim, sim, claro!".

Fácil foi achar o hostal Mirador, perto da aduana, reservado no dia anterior via booking. Fomos recebidos pela Valeria, uma boliviana que nos fez sertir muito bem.


Ainda deu tempo de reservarmos passeio para Geisers del Tatio para Jucelia e o Josué.  Eu e o Nelo voltaríamos a Calama para resolver o problema com a minha moto.

Caminhada no pueblo de San Pedro,  Pizza e cama! Nunca havia tido um aniversário com tanta aventura!